MOVIMENTO RESPIRA SÃO PAULO

Por um Transporte Elétrico Sustentável

Corredor Santo Amaro - Retirada dos trólebus foi um grande equívoco

 

CORREDOR SANTO AMARO

Concepção do Corredor:

Em São Paulo, uma das exceções, foi a criação do Corredor Santo Amaro, projetado em 1985 para operar exclusivamente com trólebus, incluindo linhas expressas e paradoras, que podia ter trazido valorização de seu entorno, pois os veículos elétricos são mais silenciosos e limpos.

Deterioração:

Entretanto, o que observamos foi a descontinuidade desta idéia, a invasão de uma grande quantidade de ônibus pequenos em dezenas de linhas comuns, congestionando excessivamente o corredor e descarregando uma enorme quantidade de poluentes e fuligem e trazendo a degradação das avenidas em seu itinerário.
A concepção inicial de um corredor "troncal eletrificado" não foi implantada como foi planejado, apesar da utilização de mais de 100 trólebus, cujas características especiais ficaram comprometidas com o tráfego de centenas de ônibus comuns e falta de manutenção adequada para o sistema viário, redes e veículos.
Com a deterioração geral do piso de rolamento do corredor os danos nas redes elétricas passaram a ser freqüentes, tornado-as cada vez mais precárias e causando transtornos aos usuários.
Todas estas mudanças trouxeram a degradação geral e a desaprovação da população que passou generalizar o conceito de que os "Corredores de Ônibus" são indesejáveis em suas vizinhanças.

Os trólebus poderiam ter permanecido:

Com a idéia de se reformular o corredor a rede de contato poderia ser recuperada, simplificada e recolocada para as novas pistas, que foram construídas.
Os postes de sustentação da rede poderiam ser metálicos, com desenhos arrojados e harmoniosos com a arquitetura local, podendo também servir de suportes de luminárias.
Os dois fios em uma rede simplificada não causariam poluição visual.
Os cabos de alimentação seriam enterrados, a exemplo das redes de distribuição de energia residencial, telefonia e TVs a cabo.

 

Com os constantes problemas com a rede elétrica os quais não eram comuns em outras épocas, foi fácil para a Secretaria de Transportes da administração 2000-2004 mostrar o lado negativo do Sistema, e que foi assimilado rapidamente pela população.
O Sistema de Trólebus sempre foi, de certa forma, muito diferenciado e susceptível a vontades políticas e tendências, se tornando muito vulnerável a especulações.
Na gestão de 2000-2004, o próprio secretário de transportes passou "não gostar" dos trólebus e difundiu uma campanha contrária à sua utilização.

Ônibus Híbridos:

Coincidentemente, somou-se a este panorama negativista, o surgimento de algumas novas alternativas em tecnologias para ônibus, como o "ônibus híbrido" que possui a tração elétrica e é alimentado por um gerador a diesel e baterias.
Este novo veículo "caiu como uma luva" na necessidade de se buscar um substituto dos ônibus elétricos que necessitam da "problemática rede aérea".
Certamente, novas tecnologias são sempre bem vindas, porém, este novo tipo de ônibus, que poluem menos que os ônibus convencionais deveriam substituir os ônibus comuns e não os trólebus como é difundido. Este tipo de ônibus também possui algumas restrições de uso, como, por exemplo, rotas com muitos aclives que comprometem o seu desempenho.

Ônibus a gás:

Outra modalidade de ônibus visto como alternativos são os movidos a gás natural. Novamente, esta tecnologia deveria substituir os ônibus a diesel, pois eles também poluem, em menor grau.
Entretanto, esta vontade de eliminar os trólebus foi tanta que o Secretário da gestão 2000-2004, assim como o Presidente da SPTrans na época, divulgaram, de uma forma enganosa e grave para a população, que os ônibus a gás, assim com os trólebus, "não poluem"!
Na verdade, este tipo de ônibus não emite fuligem visível, sendo fácil "enganar" a população. Entretanto, eles emitem gases invisíveis, nocivos à saúde, que contribuem para o aumento do "Efeito Estufa" e Chuva Ácida!

Campanha Anti-trólebus:

Vemos que muitas qualidades negativas do sistema estão em evidência, graças ao discurso das autoridades da gestão 2000-2004 que, teoricamente, "sabiam o que faziam" (?) e os técnicos de transportes, defensores dos trólebus, juntamente com as entidades representativas da população, igualmente contrárias a esta e à muitas outras medidas das autoridades, não conseguiram ter o poder de se fazerem ser ouvidos, ficando valendo as afirmações "brilhantes" destas autoridades.
Aliás, como o próprio secretário da época afirmou, "ele não entende nada do ramo de transportes!?"
Infelizmente este modelo anti-trólebus tem um cunho mais político e pessoal do que técnico.
Ao equiparar as frotas de trólebus com os ônibus comuns e deixando possibilidades para os empresários substituí-los, a Secretaria de Transportes e a SPTrans assinaram a "sentença de morte" do Sistema Trólebus no principal Corredor da cidade.

Desperdício do dinheiro público:

O que vimos com a reforma do corredor foi um grande desperdício do dinheiro público na desmontagem de mais de 50 quilômetros de rede para os trólebus, desmontagem de 7 subestações de alimentação do sistema, a venda de 70 trólebus a preços de sucata e paralisação de outros 37 trólebus novos, adquiridos em 1998, com ainda 10 anos de vida útil, os quais estão se deteriorando na garagem da SPTrans.
A prefeitura pagou 3 milhões de Reais para que toda esta pesada infra-estrutura elétrica, instalada há 15 anos e com outros 15 anos de vida útil, fosse simplesmente descartada.

A frota de trólebus é municipal e representa um meio de transporte tradicional, limpo, que faz parte da imagem de São Paulo como, por exemplo, os ônibus vermelhos de dois andares em Londres!
É difícil entender a razão pela qual a Prefeitura, na gestão 2000-2004, quis erradicar este sistema que é um acervo público e que durante 56 anos de existência, na época, já tinha passado por muitas crises e renascimentos.


Resumindo, o transporte em São Paulo comporta todas as modalidades de ônibus e tecnologias e não podemos simplesmente, substituir os trólebus por outros tipos de veículos, cujas qualidades são inferiores e menos nobres.

Links Relacionados:

1) Entrevistas sobre o Sistema Trólebus >

http://colunas.cbn.globoradio.globo.com/miltonjung/tag/trolebus/

 

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